Sepultado em clima de revolta soldado morto por bandidos

Com salvas de tiros e outras honras militares, o soldado PM da 40ª Companhia Independente (Nordeste de Amaralina) Cidarta Galtama Freire Brito, 36 anos, assassinado por traficantes, no Vale das Pedrinhas, no domingo, foi sepultado ontem à tarde no cemitério do Campo Santo, bairro da Federação. O crime está relacionado à disputa por bocas-de-fumo na Chapada do Rio Vermelho e aconteceu a 150m da casa do militar, pouco depois de um grupo formado por 15 homens fortemente armados fuzilar o jovem Emerson Plínio Santos, 26. A cerimônia reuniu parentes, amigos e colegas do policial, que, mesclando dor e revolta, exigiam a punição dos autores.
Cerca de 400 pessoas participaram do sepultamento, por volta das 16h30, entre elas, o produtor de eventos Carlos Kleber Freire Brito, 39, irmão do policial. Consternado, ele disse que Cidarta morava há seis anos no Vale das Pedrinhas e nunca tinha sido atacado por nenhum bandido do bairro. Por isso, supõe que os assassinos sejam de outra localidade e que a vítima só foi executada por estar de farda. “O que nós queremos agora é justiça! Os culpados devem ser presos, julgados e condenados”, reivindica. Questionado sobre as baixas na corporação neste ano – com Cidarta, já são 11 – e o aumento da criminalidade do estado, o coronel Legsamon Mustafa, do Serviço de Valorização Profissional da PM (Sevap), desabafou: “Todo mundo já sabe quais os problemas da polícia baiana: os bandidos estão mais armados do que os policiais”. O major Ramalho Neto, coordenador da 40ª CIMP, disse que a vítima era um policial exemplar e querido na companhia.
Amigo de Cidarta, o soldado da 5ª Companhia Independente (Ilha de Itaparica) Jurandir Bispo chamava a atenção para o fato de que o colega era apenas mais um que, por falta de opção, morava lado a lado com a criminalidade. “Isso é inadmissível! Um PM não pode morar num local onde o tráfico de drogas impera. Ele e a família ficam reféns de bandidos”, dizia, exaltado.
Presente à cerimônia, a delegada Jussara Maria Santos, titular da 28ª Delegacia (Nordeste de Amaralina), que coordena as investigações, disse dispor dos nomes de envolvidos nas duas mortes e que suas prisões preventivas já foram solicitadas, entre eles Rogério Bispo da Silva, conhecido como “Gueri”, e um rapaz de prenome Israel, ambos do bando do traficante apelidado de “Peu”.
Fardado, Cidarta tinha acabado de descer de um ônibus e seguia para casa, na Rua Raimundo Viana, quando foi baleado pela costas por um grupo de 15 homens, anteontem à tarde, no Vale das Pedrinhas. Pouco depois, uma operação foi desencadeada e dois suspeitos acabaram presos. Fernandes dos Anjos Conceição, 26, flagrado com uma pistola, e Roberto Mota dos Santos, encontrado com uma escopeta.
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