segunda-feira, 4 de agosto de 2008

POLÍCIA INSANA

Policiais 'insanos'?
14 de julho de 2008 Recebi este brilhante texto do 2º Sargento PM Sidney Gomes Ferreira, da PMMG. O texto é excelente! Vale a pena ler.

POLICIAIS 'INSANOS'?
Insano... que tem por sinônimo dentre outros significados: louco, demente, maníaco, psicopata. Esse foi o adjetivo atribuído pelo Secretário de Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro, aos policiais militares que confundiram o veículo da família de um taxista com o carro de assaltantes, erro que resultou na morte de uma criança de 03 anos de idade.
Não estou aqui para defender os perpetradores da ação, porque nada que eu tentasse argumentar, justificaria a atuação desastrosa daqueles policiais, haja vista, que dos encarregados que tem o dever legal de zelar pela manutenção da ordem, não se pode exigir menos que o absoluto cumprimento das leis. Contudo, nem por isso, posso calar-me ao ver veicular na mídia o conspícuo Secretário, titulando aqueles infelizes policiais de 'Insanos'.
É bom lembrarmos que erros acontecem. Se voltarmos a alguns meses atrás, podemos citar o que ocorreu com a Polícia da Inglaterra, que é considerada uma das melhores Polícias do mundo, que inclusive, por infelicidade o erro causou a morte de mais um brasileiro, contudo, nem por isso aqueles profissionais foram chamados de insanos por seus representantes.
É lamentável e revoltoso, assistir o alto Escalão da Força Pública Estadual prestando declarações desprezíveis sobre seus combatentes, chamando-os de 'insanos', esquecendo que os policiais, na ocasião, representavam seu Estado. Será que o brioso Secretário, esqueceu-se que essa atitude desrespeitosa só serve para corroborar a falência de sua própria política de segurança?
É isso mesmo, não podemos imputar culpabilidade desse desastroso acontecimento somente no âmbito dos policiais que participaram diretamente dos fatos, pois no meu entendimento, essa ação também é fruto da política adotada por aquele Estado, que figura-se diuturnamente nas páginas policiais, como a POLÍTICA DO CONFRONTO (Polícia x traficante).
Se o Estado adota a política de confronto e cobra resultados a qualquer custo sob a ótica de fazer segurança pública, logicamente, não raras vezes teremos situações lamentáveis com dano irreversível à sociedade, como a que acaba de acontecer.
A meu ver, a política de confronto implementada pelo Estado do Rio contribuiu consideravelmente para o resultado do episódio trazido à baila, ou seja, o fato dos policiais interiorizarem esse modelo de atuação possivelmente levou-os a cometerem esse ERRO calamitoso.
O que não consigo entender é que quando as ações policiais defluem bons resultados, a polícia vira manchete de cunho político sob diversas circunstâncias, com parcela heróica ao policial. No entanto, do dia pra noite, os mesmos heróis, em decorrência de um erro cometido em razão de sua função viram 'insanos', dementes os quais têm que ser banidos da Instituição Policial conforme declarou o Secretário de Segurança do Rio, no dia 10jul08, durante conversa com uma apresentadora de televisão.
Na verdade erraram e terão que ser penalizados, porém, não podemos esquecer que erraram tentando acertar. Talvez, o maior erro de suas vidas não fosse à catastrófica atuação, mas o dia em que decidiram entrar para as forças policiais, consolidando o compromisso de pagar o preço, inclusive, com o sacrifício de sua própria vida.
Afinal, quem são realmente os 'insanos' do momento? Os policiais que assumiram o risco e cometeram um erro fatal, ou os formadores de opiniões do colarinho branco que implementaram a política de confronto constante, entre policiais e traficantes, levando seus agentes de segurança à leviana impressão de sentimento de justiça com esta postura?
O que mais me intriga é que nunca vi o Secretário de Segurança do Estado do Rio de Janeiro, quando teve algum policial tombado em combate por traficantes, dirigir-se em rede nacional e atribuir aos praticantes dos atos anti-socais o adjetivo de 'insanos' por trucidarem Policiais.
Em suma, no fundo, talvez o Secretário tenha razão, o cidadão que escolhe como profissão presenciar tragédias sem poder comover, socorrer enfermos sem poder sofrer, estar acordado enquanto todos dormem, ser punido no reino da impunidade, conviver com a inversão de valores sociais, só pode ser louco, demente, maníaco, psicopata, só pode ser... um 'insano'.
Sidney Gomes Ferreira
Minas Gerais-- FERNANDO - 2º Ten QOC PMPOLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE ALAGOASnando.marcio@gmail.comnando_marcio@yahoo.com.br
Fonte:http://www.diariodeumpm.net/category/videos-policiais/
Blog do Pracinha

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