sábado, 7 de junho de 2008

PF prende procurador geral de Roraima e um Major da PM por pedofilia

07/06/2008
Brasil/PF prende procurador geral de Roraima por pedofilia

Foram presos também um major da PM e empresários que abusavam de meninas entre 6 e 14 anos
Fonte: Correio da Bahia

BOA VISTA - A Polícia Federal desarticulou ontem uma rede de pedofilia e de tráfico de drogas que agia em Roraima. Oito pessoas foram presas, entre elas o procurador Geral do estado, Luciano Alves de Queiroz. Na sua casa, a polícia encontrou uma arma sem registro e um livro de fotografia das menores. Pelo menos 20 meninas entre 6 e 14 anos foram vítimas da prostituição infantil e do consumo de drogas incentivado pelos aliciadores antes e durante os programas sexuais.
Também foram presos os empresários Valdivino Queiroz e José da Silva Queiroz, além de Hebron Silva Vilhena, Givanildo dos Santos Castro, Lidiane do Nascimento Foo, Jackson Ferreira do Nascimento e o major da Polícia Militar Raimundo Ferreira Gomes. Na casa de Valdivino, a polícia investiga se uma menina de 10 anos encontrada dormindo em outro quarto também é vítima do esquema. Ela disse que o empresário “é seu padrinho”.
Eles responderão pelos crimes de estupro, atentado violento ao pudor, corrupção de menores, submissão de menores a corrupção, formação de quadrilha e tráfico de drogas. As investigações da operação Arcanjo foram realizadas nos últimos seis meses. As prisões foram efetuadas por 70 homens da Polícia Federal e 25 da Força Nacional de Segurança. O caso será investigado pela CPI da Pedofilia, mas ainda não há informações de que tenha ramificações pela internet. Segundo o superintendente da PF em Roraima, José Maria Fonseca, a quadrilha foi descoberta a partir de investigação de tráfico de drogas com base em relatório repassado pelo Conselho Tutelar de Boa Vista.
Na época, Robson dos Santos Silva e Ana Fabíola Caldas de Souza foram presos acusados de serem os principais fornecedores de droga do esquema. Lidiane e o marido, Givanildo, eram os responsáveis pelo aliciamento das meninas, entre elas, sua filha de 6 anos. O casal agia dentro de casa e próximo às escolas públicas dos bairros pobres de Boa Vista. Eles usavam telefones celulares para negociar as meninas com os clientes e marcar os encontros, além de disponibilizar a droga. O pagamento, que não foi quantificado pela polícia, era feito a Lidiane, que dava presentes às garotas.
O major Gomes também agenciava. Quando ainda era tenente, ele foi condenado a 30 anos por pedofilia no município de Caracaraí, a 155km de Boa Vista. Ele conseguiu reduzir a pena para 25 anos e recorre em liberdade da decisão. Enquanto espera por nova sentença, foi promovido a major. As imagens e conversas gravadas por escutas autorizadas pelo juiz da 2ª Vara Criminal, Jarbas Lacerda de Miranda, chocaram até os policiais. “Nos diálogos interceptados fica registrada a dissimulação utilizada por aliciadores e clientes para retirar crianças e adolescentes da casa de seus pais a fim de submetê-las a abusos sexuais, bem como a ida dos aliciadores até as escolas para buscar meninas com o objetivo da realização de programas sexuais”, disse o superintendente da PF no estado.
Os promotores José Rocha Neto e Luís Antônio, que acompanham o caso, vão ouvir as crianças e os pais no Conselho Tutelar. Eles querem proteção às menores e, se for necessário, pedirão que elas sejam retiradas de Roraima durante as investigações. Os oito acusados tiveram a prisão preventiva autorizada pelo juiz Miranda e depois de ouvidos serão encaminhados para a Penitenciária Agrícola de Monte Cristo. Por ser advogado, o procurador Queiroz terá direito a prisão especial e o major Gomes ficará sob a custódia da Polícia Militar.
Outro lado - O advogado Alexander Ladislau Menezes disse que Luciano Queiroz já foi ouvido, mas só vai falar em juízo. Ele afirmou desconhecer as fitas de vídeo gravadas pela polícia onde seu cliente aparece com meninas de até 6 anos. Perguntado se o procurador negava as acusações, limitou-se a dizer que ainda não teve acesso ao inquérito. Ao chegar algemado à sede da Superintendência da Polícia Federal, Queiroz disse que sua prisão era “retaliação” à suspensão da operação de retirada dos arrozeiros da terra indígena Raposa Serra do Sol. Ele foi autor da ação cautelar que resultou na paralisação da operação Upatakon 3 por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF). A PF nega. O governador José de Anchieta Júnior (PSDB) afastou o procurador do cargo. Em nota, ele disse que “lamenta e deplora” o episódio envolvendo Luciano Queiroz e observa que não tem poderes para controlar a vida pessoal de assessores. O governador determinou ao secretário de Segurança Pública, Luís Cláudio Lima, que é delegado da Polícia Federal, o acompanhamento da operação. Já o major Gomes poderá ser expulso da Polícia Militar. (AE)


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